"Vivo da floresta, protejo ela de todo o jeito, por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora, porque vou para cima, eu denuncio. Quando vejo uma árvore em cima do caminhão indo para uma serraria me dá uma dor. É como o cortejo fúnebre levando o ente mais querido que você tem, porque isso é vida para mim que vivo na floresta e para vocês também que vivem nos centros urbanos."

Zé Claudio, assassinado em maio de 2011.



terça-feira, 30 de novembro de 2010

E toma mais essa...

Enquanto no Rio de Janeiro as comunidades ouvem os teóricos últimos disparos das balas que devem preceder a paz (será?) ...e o mundo permanece com os olhos voltados para a cidade maravilhosa...lá em Brasília a conversa é outra!

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) aprovou, em sua 100º reunião ordinária a regulamentação dos procedimentos de licenciamento ambiental de empreendimentos que afetem unidades de conservação (UCs) ou suas zonas de amortecimento.

E o que significa isso?

A resposta mais clara seria: perda da biodiversidade, mais áreas desprotegidas e mais áreas degradas. Simples assim.

Antes de mais nada é necessário explicar duas coisas:

Planos de manejo: resumidamente o Plano de Manejo é um documento que define a implementação, manutenção e uso de uma unidade de conservação, com a finalidade clara de garantir o futuro destas unidades.

Zonas de amortecimento: é o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas são restritas e devem seguir certas normas. Para também garantir a preservação da UC.

Em teoria tudo é sempre bonito. Mas na prática a nova resolução determinou que zonas de amortecimento, em UCs sem planos de manejo, serão reduzidas para 3 mil metros (não mais 10 mil metros, como era anteriormente) e isso apenas nos casos em que os empreendimentos sejam considerados de significativo impacto ambiental, após EIA/RIMA serem concluídos.

Quando o empreendimento não necessitar de EIA/RIMA a zona de amortecimento, em UCs também sem plano de manejo passa a ser de 2 mil metros.

Os orgãos federais, estaduais e municipais que administram essas unidades têm o prazo de 5 anos para apresentarem seus planos de manejo. Depois disso: é tudo deles. UCs sem plano de manejo simplesmente NÃO POSSUIRÃO zona de amortecimento!


Foto: Rodrigo Baleia - Greenpeace

Na vida real funciona assim: esta é uma foto da Floresta Nacional de Jamanxim na Amazônia, uma unidade de conservação. Com ou sem resolução é assim que as coisas acontecem por lá!



Quem serão os maiores privilegiados com esta história?
Se quiser dar nome aos bois..."o comentário" é todo seu!

Sério mesmo que alguém ainda espera alguma coisa da COP 16?


Leia mais: O Eco

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Prêmio Dardos

O blog Evolução Sustentável foi indicado pelos blogs Minha Casa Meu Mundo de Liete Alves, Diário do Verde de Antonio Gabriel Cerqueira Gonçalves  e A hora do Planeta é a sua hora da Thais, para receber o selo Prêmio Dardos.


Receber o prémio implica aceitar as suas regras, que neste caso são:
1 - Exibir a imagem do selo no blogue;
2 - Revelar o link do blogue que atribuiu o prémio;
3 - Escolher 10, 15 ou 30 blogues para premiar.

Os selos são uma forma de unir e aproximar os blogueiros (ambientais, no nosso caso), além de reconhecerem nosso árduo, voluntário e prazeroso trabalho...
Agradeço e faço as minhas indicações. Seguem por ordem alfabética:

Autossustentável - do Leonardo Borges.
Sempre indicando soluções e alternativas para tornar o dia-a-dia mais sustentável

Blog da Marília - da bióloga Marília Rebelo
Artigos que abrangem a biologia e se estendem pela defesa dos animais

Consciência com Ciência - da bióloga Daniela
O blog apresenta postagens de grande qualidade científica, mas feitas para leitores leigos entenderem. O que nos aproxima da biologia. A autora também aborda  vários outros aspectos ambientais.

Cantinho Vegetariano - de Elaine Martin
Uma ótima opção para vegetarianos, mas principalmente para quem deseja abandonar o consumo da carne e ainda não conhece receitas alternativas para comer bem, sem precisar de cadáveres no prato. Apesar de ser um blog sobre culinária, não podemos negar que o vegetarianismo é uma opção além de sustentável, bem mais humana.

Horizonte de jafa - da Janaína Forteza
O blog dela não é especificamente ambiental, mas ela é uma ambientalista naturalmente, o que faz com que a maioria das postagens esteja ligada ao tema. Os textos são de muita qualidade e ela também enfatiza o bem estar dos animais.

Afinal a vida deveria ser respeitada, em todas as suas formas.

Além do blog estar recheado de informações ligadas a preservação ou insustentabilidade do planeta. O espaço virtual, nada mais é que a continuação de um lindo trabalho feito na vida real. A ong organiza eventos periódicos de ecofaxinas em paraísos naturais acometidos pelo lixo.

Metano Verde - de Paulo Athayde
Notícias variadas sobre meio ambiente.

Mimirabolantes - de  Monique Futscher
Acho que todos conhecem a Monique, atuante, generosa e parceira verde, que dá dicas variadas de quem realmente põe a mão na massa pra ajudar o planeta.

Sustentável Mundo Novo - da jornalista Carmen Nascimento
É despretencioso e funcional. Notícias, indicações e alertas sobre os temas ambientais.

Virou Problema -  de Ana Luíza
Este blog é o mais especial da lista, já que sua idealizadora é uma garotinha de apenas 10 anos, que deixa claro que sua pouca idade não é um obstacúlo para ela fazer do planeta um lugar aonde, definitivamente, prefere viver.

São crianças como ela que eu quero ver neste mundo.

Estes são meus indicados, uma pequena lista dos muitos blogs que gosto, sigo e acompanho. De pessoas que através de suas palavras, idéias e ações fazem gerar mudanças...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Guarujá: terra de ninguém

Na madrugada de hoje...foi assassinado mais um vereador da cidade do Guarujá. O fato não é isolado. Desde de 1997 já foram assassinados CINCO vereadores  no Guarujá e nenhuma destas mortes foi esclarecida, nem nenhum dos assassinos punidos.

O blog segue a temática ambiental, mas sempre se estenderá por assuntos políticos, principalmente os que envolvem toda a politicagem destes governantes, que deveriam olhar por nós, não por seus escusos interesses, que justificam ações criminosas e homicídios.

Luis Carlos Romazzini (PT), de 45 anos, já havia registrado um boletim de ocorrência sobre as ameaças de morte que estava sofrendo. Mesmo assim nada foi feito! Na noite anterior ao crime, a casa do vereador já havia sido invadida.

Desde 2006, o vereador já vinha sofrendo ameaças de morte. Em certa ocasião, seu automóvel foi cercado por homens encapuzados de moto, que abordaram o motorista. Assim que perecebram que não se tratava do vereador fugiram, sem qualquer justificativa.

O vereador Luís Carlos Romazzini atuava incansavelmente, numa oposição que denunciava os crimes da Câmara, como o caso do mensalinho, onde eram cobradas comissões para aprovação de projetos e recentemente colocou em pauta o descaso da Prefeitura com ambulâncias que padecem sem utilidade em estacionamentos. Enquanto os serviços de saúde, assim como todos os outros na cidade do Guarujá, são precários e ineficientes.

Até quando vamos assistir de camarote a esses assassinatos? Os poucos homens sérios na política sendo massacrados por coronéis sem escrúpulos, marginais homicidas, que não mensuram barreiras para atingir seus objetivos ilícitos.

Quantos Romazzinis, Celsos e até irmãs (Dorothy) vão pagar com suas vidas por serem cidadãos decentes?



Notícia na íntegra: Jornal Tribuna

Somos praga no planeta?

Mais um genial texto de Maurício Gomide Martins. Já havia postado aqui um texto de sua autoria  (Excesso Populacional), sem lhe dar os devidos créditos.

Maurício Gomide Martins, 82 anos, ambientalista e articulista do EcoDebate, residente em Belo Horizonte(MG), depois de aposentado como auditor do Banco do Brasil, já escreveu três livros. Um de crônicas chamado “Crônicas Ezkizitaz”, onde perfila questões diversas sob uma óptica filosófica. O outro, intitulado “Nas Pegadas da Vida”, é um ensaio que constrói uma conjectura sobre a identidade da Vida. E o último, chamado “Agora ou Nunca Mais”, sob o gênero “romance de tese”, onde aborda a questão ambiental sob uma visão extremamente real e indica o único caminho a seguir para a salvação da humanidade.

O livro "Agora ou Nunca Mais", está disponível para acesso integral, gratuito e no formato PDF, clicando aqui.

Ainda assim, o autor teve humildade e tempo suficientes, para responder, rapidamente, ao e-mail que lhe enviei, pedindo autorização para postar seu texto por aqui. E certamente, muitos textos dele, ainda ocuparão este espaço. Segue:


Somos praga no planeta?

Praga tem diversas acepções, mas a definição objeto de nossas considerações é simplesmente a que se refere à quantidade excessiva de um fator num sistema, desqualificando o próprio sistema. Em outras palavras: presença em quantidade superior à que um sistema coeso consegue suportar. Essa situação só pode ocasionar o desequilíbrio entre as forças de qualquer ambiente, causando o desarranjo harmônico entre as partes e, consequentemente, o caos.

Sobre esse princípio são construídas as principais máquinas destrutivas para a guerra. Um exemplo simples é o da granada. Contido em espaço restrito, numa situação de estabilidade, basta o conteúdo ser transformado em gás para que ele cumpra sua missão química de expansão, causando a desordem pontual e suas calamitosas conseqüências. O poder destrutivo da granada se deve à extrema rapidez – praticamente instantânea – da ocorrência das fases do processo.

No campo biológico, ocorre o mesmo roteiro apontado acima, só que em tempo muito mais lento. O dano, no entanto, pode ser considerado equivalente.

Quando um agricultor verifica que apareceram insetos sugadores (digamos, o percevejo verde) em sua lavoura de soja, contrata um agrônomo para cuidar do problema. O profissional comparece ao campo de plantio e faz uma análise da situação. Colhe uma amostra estratificada e faz seu ajuizamento, no qual pondera diversas circunstâncias: tamanho e estágio vegetativo da lavoura, índice da incidência dos insetos, cálculos sobre capacidade de produção, custos diversos, etc. Após ponderar os dados obtidos, formará um juízo técnico para a ocasião.

Poderá dizer ao agricultor que nada deve ser feito no combate aos insetos no momento. Acrescentará, naturalmente, que a invasão ainda não constitui uma ameaça à lucratividade da colheita estimada. Seu veredito vale para aquela visita, em função do aspecto econômico. Suas análises semanais posteriores guiarão as conclusões parciais ou definitivas.

Enquanto o agrônomo trabalha, os hóspedes indesejados, inocentes e alheios a tudo, continuam no seu labor natural de vida. Estão ali, num campo farto de alimento e cumprem o objetivo natural da reprodução. O instinto não lhes informa nem eles são capazes de medir as conseqüências do crescimento populacional. Prosseguem o roteiro natural, em obediência ao imperativo genético. Não sabem que, ao atingirem certo índice de infestação, o agrônomo decretará a mudança do seu nome: de percevejo para praga, nome genérico terrível que iguala todos os seres que se atrevam a serem protagonistas do desequilíbrio ambiental.

A reação será violenta. É uma situação extrema de luta de vida ou morte. Nessa qualificação de praga, a decisão do profissional não mais será a de tolerância, mas a de combate mortal com uso de todo o arsenal disponível, inclusive o químico. Assim, a tragédia da mortandade naquele ambiente agrícola será irreversível. Os agrotóxicos varrerão da vida todos os habitantes da cultura, inclusive os inocentes insetos benéficos que ali estavam tentando manter o equilíbrio biológico.

Se tal lavoura fosse deixada ao seu próprio destino, sem assistência do profissional, o prejuízo para o lavrador seria total. Como fonte alimentícia para o percevejo, tenderia ao esgotamento total, levando à inanição e morte toda a comunidade hospedeira. As disponibilidades ambientais se extinguiriam e a situação mudaria para um estado caótico em que a tragédia não pouparia ninguém e somente a Natureza saberia como estabilizar.

O animal humano, que se faz representar em todo o globo por sua população de quase 7 bilhões de indivíduos, com sua visão egoística e interferindo na dinâmica ecológica da terra, dos rios, dos mares, da atmosfera, provoca os mesmos danos que o percevejo da soja. A diferença é que, no exemplo citado, fizemos um enfoque no trabalho de um agricultor mantendo um objetivo produtivo. Já no enfoque da situação real por que passa o planeta em seus recursos, a fome dos humanos é contínua e geometricamente cumulativa: fome alimentícia; fome de lucro; fome de comodismo; fome de grandeza; fome de supérfluos; fome de entesouramento. Segundo os cálculos atualizados, as ações humanas retiram do planeta 40% a mais do que ele consegue disponibilizar pela dinâmica natural.

Há, portanto, uma queima de capital, um déficit de recursos, uma desproporcionalidade, um desequilíbrio ambiental gravíssimo. Estamos gastando o futuro para o qual nossos descendentes nascerão munidos da vã esperança de viver em ambiente sustentável.

Alguns animais demonstram possuir um instinto muito mais eficiente que a inteligência humana. Ante a visão crítica de uma superpopulação, certos animais procedem de modo inteiramente racional. O lemingue do norte-europeu resolve o problema com o suicídio em massa. As abelhas excedentes de uma colméia abandonam o lar numa revoada incerta, procurando formar nova colônia. As lulas entram em coma pré-morte sobre seus próprios ovos, numa fantástica demonstração de renúncia à vida-elo em beneficio à vida-corrente.

Não estamos recomendando suicídio a ninguém, mas sugerimos que o animal humano tem a capacidade mental de equacionar e solucionar seus problemas existenciais. Ainda há um tempo curtíssimo, mas alertamos que aos poucos ele se esvai, e a solução se tornará impossível.

Considerada a pegada ecológica, a população mundial equivale, no mínimo, a 100 vezes seu número nominal. Por isso, mudamos de nome. Não somos mais o animal racional, o rei dos seres vivos, o centro do universo; somos simplesmente praga. Deixamos de ser animais racionais para sermos predadores da própria mãe Terra, aquela que nos fornece, com amor e ternura, abrigo, alimento, vida.

Dois fatores incisivos nos levam a essa situação trágica: o antropocentrismo e a ganância. Nós nos esquecemos que o ecossistema inclui a biodiversidade e que nossa individualidade é transitória. Nós, como animal humano, não somos indivíduos, somos a humanidade, parte do todo planetário.

Nessa situação, só nos resta aguardar que um agrônomo celestial venha salvar a Vida planetária, tirando-nossa existência e toda a riqueza material que, paradoxalmente, teimamos em acumular.

Somos praga no planeta. Não aceitamos esse nome, pois o egocentrismo de espécie cega nossa razão. Contudo, essa cegueira não impede que sejamos praga e, nessa qualidade, já selamos nosso destino.


Minha maior recompensa com este blog, certamente é descobrir, cada vez mais, textos incríveis, escritores fantásticos e principalmente seres-humanos atuantes e engajados, escondidos pelas palavras...

É inexplicavelmente reconfortante e acolhedor poder ler algo que traduza tão perfeitamente nossas próprias teorias e concepções. Nossos valores e princípios. A nossa verdade!


Qualquer criatura do Universo, que tiver essa (ou semelhante) visão  do nosso planeta...concluirá que ele está morrendo aos poucos, vitimado por uma praga...composta por 7 bilhões de indivíduos.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A história das coisas - o que você ainda não sabe, mas deve saber!

A história das coisas é um vídeo bastante conhecido e replicado por muitos blogs e sites que tratam de assuntos ambientais. Não poderia deixar de posta-lo aqui também, em sua versão legendada, já que o vídeo original é americano.



E você o que achou? Concorda com esta cadeia...a falsa cadeia ensinada nas escolas e o verdadeiro esquema que nos torna reféns e cúmplices de um sistema fajuto e imundo que exalta quem tem, mas não valoriza quem é!

E cabe a nós...que fomentamos este sistema e não mais somos vistos como pessoas, mas sim como CONSUMIDORES, começar a provocar mudanças que obriguem os homens do topo a perpetuarem negócios mais decentes e humanos.

Compre menos e viva mais! Qualidade de vida não se mede pela quantidade de carros que você tem na garagem...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A culpa é dos golfinhos - por Osíris Duarte

Já escrevi por aqui, sobre o estaleiro da OSX e suas possiveis consequências e também sobre sua repercussão na mídia.

Recentemente a OSX divulgou uma nota, desistindo de Biguaçu para instalar seu estaleiro, cansaram de esperar o parecer do ICMBIO...porque afinal de contas dá trabalho seguir toda a burocracia das leis...

Enfim, descobri este texto, quase sem querer, de um jornalista, que mora em Florianópolis, que sintetiza toda a minha opinião sobre o assunto e suas margens...

Eu não conseguiria escrever nada melhor, portanto, segue abaixo: leitura obrigatória!


Por Osíris Duarte - Jornalista

Os dóceis animaizinhos, alegres e simpáticos habitantes do mar, os golfinhos, nunca imaginariam que serviriam de bode-espiatório para as justificativas da imprensa e de alguns catarinenses em relação à mudança de endereço do futuro estaleiro do bilionário bonitão Eike Batista. Os pobres bichinhos, caçados até quase extinção em algumas partes do mundo, agora servem de argumento para diminuir a importância da não instalação desse empreendimento, que ameaçava a qualidade de vida de milhares de catarinenses, comprometendo fontes de renda importantes para o estado como o turismo. Colocar a culpa nos golfinhos é de uma conveniência argumentativa para os defensores do projeto que soa quase como piada.


Um dos principais pontos de defesa do “bendito” projeto do estaleiro são os tais 14 mil empregos que o empreendimento geraria no estado. Relembrando que a maricultura gera os mesmos 14 mil empregos, setor esse que ainda tem muito para se desenvolver em Santa Catarina e de forma sustentável. Mas vamos então debater esses tais 14 mil empregos. Primeiro que são pelo menos 10 mil empregos indiretos, gerados em todo o processo de construção e manutenção do estaleiro, que tem prazo para ficar pronto e, conseqüentemente, prazo para desempregar. Apenas 4 mil vagas seriam de empregos diretos, quantia irrisória comparado com a geração de empregos no turismo, que depende intimamente da conservação do patrimônio natural para continuar gerando renda no estado. Santa Catarina é um dos destinos ecológicos mais respeitados do Brasil, não só pelas belas praias como também pela mata atlântica litorânea preservada (um dos maiores percentuais de conservação no Brasil) e região serrana, com seus cânions, cachoeiras e mata nativa. Na verdade, me parece que o argumento de geração de empregos no Brasil serve hoje para justificar qualquer ação, mesmo ela sendo a mais estúpida possível dentro do atual contexto ambiental, social e humano do planeta. Basta dizer que serão geradas algumas dezenas de empregos para que apóie a derrubada de florestas, a privatização de áreas da União (como é o caso da região costeira e matas nativas) ou mesmo o “desenvolvimento nas coxas” promovido pela ocupação de áreas sem qualquer fiscalização, planejamento ou vislumbre de uma estrutura sustentável. Enquanto os empregos forem gerados à custa da qualidade de vida do cidadão, fomentando as diferenças sociais – já que a maioria deles são subempregos, de baixa renda e com características exploratórias – e a exacerbação da importância do consumo e da notoriedade dentro de uma estrutura capitalista selvagem, não poderemos vislumbrar a manutenção desse belo estado da forma confortável e acolhedora, durante muito tempo.


Quanto ao senhor Eike Batista, o bonitão bilionário autor do projeto, há de se ressaltar que ele é um empresário que tem o lucro como objetivo, não o bem estar do cidadão. Um fato curioso e recente a respeito desse senhor foi a doação de 2 milhões de Reais feita por ele na campanha eleitoral desse ano. E para quem? Um milhão pra Dilma e outro para o Serra! Isso não me causou surpresa, apenas reforçou o papel que esse senhor tem na sociedade e como ele o desempenha. Fica claro o interesse desse sujeito apenas nos negócios, sem comprometimento ideológico ou posicionamento político. Estamos cansados de saber que o financiamento de campanha é uma troca de benesses entre grupos de interesse que nada tem a ver com o desenvolvimento do país e qualidade de vida do brasileiro. Dentro da realidade do “business” Eike exerce seu direito no jogo de toma lá dá cá da realidade Tupiniquim, mais isso não deve mais ser considerado uma condicionante para ascender economicamente no país, nem mesmo deve passar despercebida aos nossos olhos e senso crítico. É preciso saber quem são esses sujeitos para que possamos saber opinar melhor e de forma menos fragmentada.


Algumas das opiniões que ouvi, favorável a vinda do estaleiro e desfavoráveis a atual situação, a ida do empreendimento para o Rio de Janeiro, são de uma ignorância (daquele que ignora os fatos, ou o fato) descomunal. Como o foco da imprensa tem sido o meio ambiente emperrando o desenvolvimento – fato esse que colabora para a condição atual do clima e da sustentabilidade ecológica do planeta – muita gente tem se armado de cinco pedras em cada mão para acertar o primeiro golfinho que ver pela frente. Opiniões como “se matarem uma pessoa o culpado pode até não ser preso (Nota minha: se for rico né!), mas se matarem um animal com certeza serão”, ou até responsabilizando o empresariado catarinense, dito sectário e ortodoxo por alguns, são algumas das críticas feitas por quem não mora perto da área nem vai ganhar nada com o estaleiro. Não entendo como o empresariado catarinense, um dos principais segmentos a serem beneficiados com tal empreendimento, poderia ter investido contra a instalação do mesmo. Culpar políticos também tem sido pauta no debate sobre o tema, logo eles que tanto fizeram esforços para que o negocio saísse! Mesmo com o anúncio da ida do Eike pro Rio, para fazer a lambança dele lá, o governador em exercício Leonel Pavan chamou a OSX para conversar, na tentativa de salvar “algum” nessa história para Santa Catarina. Mas de que Santa Catarina estamos tratando? A dos empresários e políticos ou a do povo do mar, pescadores, ecochatos – como alguns gostam – que se reuniram as centenas durante meses nas audiências públicas para debater o projeto, que engrossaram o coro de descontentamento junto ao MP e aos órgãos ambientais, que numa atitude pouco comum a nossa realidade, fizeram cumprir-se a Lei! Infelizmente no nosso país as Leis são exercidas de acordo com a posição social e conveniência, e mesmo o cidadão mais simples, que não ocupa altos cargos e ganha muito, repete o discurso de contravenção social em detrimento da organização pelo bem estar coletivo. É preferível burlar as Leis para gerar os tais empregos, do que segui-la consciente da existência dela como instrumento de preservação ao que pertence ao coletivo, não apenas a mais um empresa de um cara cheio da grana. E, enquanto navios saem no estaleiro, os golfinhos ficam com o ônus da ignorância humana. Somos todos seres vivos, e o benefício de uns não pode significar a morte de outros. Se assim como os golfinhos somos parte da natureza, porque ainda nos colocamos na posição de julgadores dos destinos dos seres da Terra? Porque para o lucro de alguns podemos matar outros? Se temos mais direitos sobre esse planeta do que as demais espécies, nossa responsabilidade deve ser proporcional a posição que nos colocamos. Acho que vou contratar um advogado para os golfinhos, coitados... Gerações e gerações usaram aquela baia como ponto de parada e agora são responsabilizados pela frustração de uma vontade imediatista humana. Acho que vou contratar o advogado para processar por calúnia e difamação aqueles que insistem em culpar os golfinhos pela ignorância do homem.



O autor é paraibano, mora em Florianópolis e me fez relembrar o episódio xenofóbico no twitter contra os nordestinos, logo após a eleição deste ano.

Enquanto a avassaladora maioria do povo do sul, resume os atos de destruir e consumir como fonte de renda e degraus para o progresso, enquanto o maior bilionário do país banca paralelamente, apenas as campanhas dos candidatos a presidência com maior chance de alcançar o poder "em nome da democracia" eu só espero que venham a público oponiões de nordestinos como o jornalista Osíres Duarte.

Porque não é de onde você vem e o que você tem, que servem para mensurar seu real valor nessa sociedade!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Segunda sem carne

Essa campanha já é bastante conhecida e divulgada...mas nunca é demais!


Para quem ainda não conseguiu se libertar da dependência dos alimentos de origem animal...já é um ótimo começo não consumir, pelo menos as segundas-feiras, a carne de todos os dias.

Afinal de contas, nem os representantes carnívoros mais vigorosos da natureza, consomem carne todos os dias...Por quê o homem teria essa necessidade?

Paul McCartney é um exemplo de que vegetarianos vivem muito bem...

Neste sábado passei em frente a uma franquia McDonald's e sem surpresa nenhuma pude constatar o quão abarrotada estava a lanchonete...

Só pude lamentar que os passeios em família tenham se reduzido a isso: comer lanches venenosos e industrializados...E ainda acreditamos que este estilo de vida representa progresso e evolução.

O McDonald's é um exemplo de um império que realmente gera empregos. Subempregos! Garante lucros exorbitantes que não são divididos com seus funcionários, remunerados miserevelmente por estas empresas, que  contribuem com o desmatamento e todos os poréns dessas indústrias da morte.

Enfim...esta é a minha opinião! De quem não quer compactuar com todo o sistema que vitimiza tanto pessoas, como animais, para garantir que o bife chegue aos nossos pratos...mas omitindo toda a história que precede este consumo.

sábado, 20 de novembro de 2010

20º Ação Voluntária Ecofaxina


Porque sozinhos, atiramos apenas um papel de bala numa rua...
Mas todos juntos...somos capazes de fazer isso!

E pessoal do Ecofaxina não desistiu...
Eles tratam de limpar o que os outros tataram de sujar...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Que tal conhecer a Amazônia com a WWF?

A ong WWF iniciou um concurso, cujo prêmio é uma viagem para a Amazônia. Se você não tem filhos pequenos e uma galera de cachorros como eu   tá ai uma grande chance...



Você, que acompanha o WWF-Brasil, vai sentir toda a emoção de conhecer pessoalmente o trabalho de salvar a natureza.

Com o concurso cultural "Vá para a Amazônia com o WWF-Brasil", você vai se sentir mais participativo do que nunca na luta pela conservação do meio ambiente. E ainda pode ganhar a viagem da sua vida. É muito simples participar:


• Na home do site, clique no nome do concurso para abrir a página de inscrição.

• Preencha os campos com os seus dados e responda a pergunta.

• Seja criativo e original. Use como base para a resposta o conteúdo do próprio site. A melhor resposta ganhará uma viagem para conhecer o trabalho do WWF-Brasil na Amazônia.

Participe! Capriche bastante na sua resposta. Contamos com você nesta aventura amazônica.


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mais um capítulo de Belo Monte


Em agosto deste ano, logo depois do contrato de concessão para a exploração de Belo Monte, ter sido assinado, o o procurador da República Felício Pontes Júnior afirmou em entrevista ao G1 que não desistiria de tentar impedir a obra.

"O governo federal tem soltado release sobre Belo Monte como se o fato já estivesse consumado. Temos processos em andamento que, se tiverem decisões favoráveis, nós paramos Belo Monte. (...) Nós não desistimos de barrar Belo Monte. Queremos barrar a construção da hidrelétrica sim porque todos os estudos, da Unicamp, da USP, da UnB, mostram que é uma obra inviável. (...) Nós não estamos jogando a toalha", afirmou Pontes Júnior.

Apesar de no dia 16 de novembro o Cade - Conselho Administrativo de Defesa Econômica - aprovou o consórcio responsável pela construção de Belo Monte.

Na semana passada, o Ministério Público Federal, no Pará, divulgou em uma nota, uma recomendação ao IBAMA, para que o órgão não libere a licença de instalação antes do cumprimento das condicionantes para obra.

Essas condicionantes totalizam o número de 40 e foram estabelecidas pelo próprio IBAMA a fim de reduzir os impactos socioambientais da obra. Nenhuma foi apresentada!

Agora, se compararmos a lentidão da justiça com a sede por grandes obras do governo...acho que dá para ter uma boa idéia do final desta história: perderemos mais uma vez!


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Você conhece o Juçaí?

O juçai nada mais é que a polpa dos frutos da palmeira juçara (Euterpe edulis Martius), típica das regiões da mata atlântica, ameaçada de extinção, pela extração insustentável do palmito.

O que a grande maioria ainda não sabe, mas o que já garante o sustento de uma pequenina minoria, é que felizmente essa polpa vale mais que o palmito, portanto a árvore em pé garante uma renda maior do que ela morta, após a extração do palmito.

As Palmeiras Juçara demoram cerca de oito anos (pode chegar a 12)  para alcançar a fase adulta, quando começam a produzir tanto o fruto, quanto o palmito.


Quem já experimentou garante que o juçai é ainda mais saboroso que o açai, além de, evidentemente, mais sustentável para o povo do sul, já que estaríamos consumindo um produto nativo de nossa região, que não percorrerá grandes distâncias para chegar no nosso prato.

O juçai têm o mesmo valor calórico que o açai, mas ganha em valores nutricionais. Possui 70% de ferro e 63% de potássio a mais do que o seu semelhante: o açai. Os níveis de antocianina (a coloração roxa dos alimentos indica a presença desta substância que age como antioxidante, anti-inflamatório, inibie a oxidação do colesterol LDL e diminue os riscos de doenças cardiovasculares e de câncer) são quatro vezes maiores no juçai.

Palmeira em pé...mais dinheiro no bolso


Um tolete de palmito, com cerca de 70 cm, vale para quem extrai míseros R$ 4,00 e implicam no sacrifício de uma árvore que levou 8 anos para crescer. Enquanto que com a venda da polpa do fruto o agricultor chega a ganhar até R$ 26,00.

Fica claro que a árvore em pé é muito mais negócio.

Os frutos são retirados por habilidosos nativos - já que essa produção acontece na mata atlântica e emprega jovens locais que garantem a manutenção florestal e seu sustento - que sobem até o cacho de frutos, com o auxílio do que chamam de "peconha" e retiram cuidadosamente o cacho sem perder sequer uma semente.


No processo que transforma o fruto em polpa, as sementes são deixadas de molho em temperatura de 30º, para que não mate o embrião da semente, posteriormente são colacadas em uma máquina que extrai a fina película roxa que envolve a semente. A película vira a polpa e a semente é usada em novo plantio. Até a água utilizada no despolpamento pode ser reaproveitada no banho, porquê contém um óleo, liberado pelo fruto, considerado excelente hidratante.

O IPEMA (Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica) desenvole um trabalho, monitorado pelo Ministério do Meio Ambiente, onde cinco comunidades quilombolas já cultivam as palmeiras juçara e vendem a sua polpa. Conservando a floresta, garantem seu sustento financeiro e certamente no planeta.

Uma frase que traduz a realidade do que isto significa, no ano da biodiversidade, mas no país que só enxerga o pré-sal, é de autoria de coordenador técnico de Associação do Quilombo do Campinho Fábio Reis:

"Se esses jovens não tivessem a oportunidade de se capacitar, o que estariam fazendo? Eles não precisam aumentar as demandas de subemprego nas cidades, porque têm a riqueza em suas próprias comunidades. Buscamos, com isso, a formação de novos líderes comunitários e a valorização da cultura nos quilombos. São valores que não são enfatizados nas escolas. Assim, eles passam a entender que podem ser gestores do ambiente em que vivem, aprendendo a lidar com a terra, valorizando os atrativos turísticos e culturais de seu povo."

E como o homem, não costuma se preocupar com os animais, nem quando planeja um manejo sustentável dos recursos do planeta, a natureza, sempre sábia, dá o seu jeito. Os muitos animais que também se alimentam dos frutos da palmeira juçara, e muito mais que nós, garantem também o reflorestamento, como os tucanos, periquitos, sabiás, tiribas, capivaras, entre outros, podem se alimentar dos frutos que não são extraídos pelos homens por diferentes motivos. Palmeiras muito finas, tortas e com parasitas não entram no esquema agroecológico, assim como os frutos que não amadurecem no devido tempo...nestes casos o alimento é todo dos animais.

Mas que fique claro...por mais que o homem se considre soberano e sejam os nativos, conhecedores da mata, que extraem os frutos...são os animais,de fato, os verdadeiros agentes florestais! Quanto mais animais...mais comida! Para todos nós!

A agroecologia é um caminho certo e óbvio. Não é porque a nossa agricultura escolheu copiar os modelos europeus e fazer isso por décadas, que este esquema está certo. Há muito o que se aprender...e o simples observar da natureza pode nos trazer muitas respostas.

Podemos extrair sim! O que não podemos é dizimar!

E eu que considerava o açai extremamente sustentável e principalmente saborosissimo...vou me render ao juçai. Assim o povo do norte garante a preservação da Amazônia...e nós, aqui da região sudeste, tentamos recuperar o que sobrou da Mata Atlântica, tão exuberante e importante quanto os demais biomas e avassaladoramente mais aniquilada.





Referências:  Espaço do Produtor
                    Biodiversity Reporting Award

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Destino certo para os remédios

Uma parceria firmada entre a Prefeitura de São Paulo, a rede Pão de Açúcar e a Eurofarma Laboratórios começará a recolher medicamentos, que possivelmente teriam um descarte inadequado.




De início serão cinco lojas da rede Pão de Açúcar que oferecerão postos de coleta para arrecadação dos medicamentos.

Para o ano de 2011 o programa pretende se estender por mais 60 lojas na grande São Paulo.

O que será coletado?

Serão recebidos medicamentos de todas as marcas e tipos, assim como agulhas, ampolas, frascos de xarope, blisters e bisnagas.

Sempre é bom lembrar que materiais como seringas e agulhas necessitam de um maior cuidado ao serem armazenados para o descarte, já que podem ferir ou cortar quem os manejar.

O descarte incorreto de medicamentos acarreta prejuízos irreversíveis para o meio ambiente, porque esses dejetos contaminam água e solo.

Não sei exatamente o que vai mudar, para os fabricantes de remédios, com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Por enquanto esses postos de coleta quase não existem e a grandiosa maioria da população, mesmo a consciente, não têm opções para efetuar o descarte correto.

Em São Paulo essa realidade parece estar começando a mudar!

Referência: Estadão.com.br

domingo, 14 de novembro de 2010

Energia Solar a vista!

Vem ai a primeira usina de energia solar da América Latina óóóóoóóó!

Uma parceria entre a Companhia Elétrica de Minas Gerais (Cemig) e a fabricante de painéis fotovoltaicos Solaria, empresa espanhola, prevê a construção da usina já no ano que vem, na cidade de Sete Lagoas.

O investimento inicial gira em torno dos R$ 40 milhões, dos quais R$ 25 milhões serão direcionados especificamente para a construção da usina.

Tanto dinheiro assim deve-se ao fato de que a energia solar ainda é quatro vezes mais cara, quando comparada aos modelos atuais brasileiros, por falta de investimento no setor, o Brasil tem que importar a tecnologia o que, obviamente, encarece e muito o projeto.

O local exato para a construção da usina, ainda não foi divulgado, mas a cidade de Sete Lagoas foi escolhida pela proximidade com Belo Horizonte e  Aeroporto de Confins. Além de possuir um bom indíce de radiação e pertencer ao projeto "Cidades do Futuro", no qual a Cemig realiza testes de destribuição e modernização do sistema elétrico.

A Usina terá capacidade de gerar 3MV de energia, o que serve para abastecer um município com cerca de 3 mil habitantes.

Parece muito pouco pra você?
Pode até parecer, mas a expectativa é de que com esta usina, o Brasil comece a engatinhar neste quesito e dominar um pouco mais desta tecnologia de geração de energia verdadeiramente limpa.

E vamos lá...a passos curtos...caminhar para o futuro!

Porque não podemos mensurar, por exemplo, quanto ainda nos resta de petróleo, mas podemos ter a absoluta certeza de que o sol continuará a brilhar...


Referências:


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Livraria Virtual

A Livraria Tapioca é uma livraria virtual especializada em livros que abordam temas ligados ao meio ambiente como permacultura, biocontrução, agroecologia, fauna e flora brasileiras, energias renováveis. E também se estende a assuntos como yoga, parto natural, saúde e educação.

Um prato cheio para quem se interessa por estes assuntos e como eu, sente imensa dificuldade para encontrar estes títulos em sebos ou pequenas livrarias de bairros.

Vale a visita! Fica a dica, espero que gostem e usufruam!

Para acessar a página da Livraria Tapioca é só clicar aqui!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Os bettas

Minha familia foi "presenteada" com um exemplar da espécie betta, esses peixinhos com fama de briguentos, vendidos em claustofóbicos aquários em todo e qualquer pet shop. Nunca fui muito fã nem de aquários, muito menos de gaiolas, acho que são a maior representação do egoísmo humano. Mas enfim...o peixe veio parar nas minhas mãos e decidi pesquisar mais sobre a criatura, numa tentativa de maximizar seu bem-estar, principalmente no que diz respeito ao tamanho do aquário...



Muitas barbaridades lidas e ouvidas depois, descobri que este peixinho tem origem no sudoeste asiático e pode ser encontrado até hoje próximo as plantações de arroz desta região, o ambiente ideal para uma espécie que não depende apenas de suas brânquias para respirar. Este peixinho possue um orgão chamado de labirinto que captura o oxigênio da atmosfera (sim, ele precisa de ar, tanto quanto nós), por isso águas estagnadas e sem muita oxigenação são perfeitas para ele.

Esta caractérística foi decisiva para que se iniciasse sua comercialização. É um peixe que sobrevive em condições mínimas e não exige grandes cuidados.

A maior inverdade contada pelo ser-humano, que lucra com o sofrimento dos animais, é defender que em seu habitat ele viveria em poças d'água. Essa idéia é uma farsa. O ambiente ideal para ele são áreas alagadas, que de fato não são muito profundas, mas certamente se estendem muito mais do que qualquer aquário ridículo vendido pelos escravocratas de animais. Além do mais na natureza, eles podem saltar - por isso muitos pulam de seus aquários e os donos não entendem o porquê - para outras poças livremente, o que jamais poderão fazer em seus aquários.

Os machos da espécie não toleram invasões de outros machos em seu espaço e expulsam as fêmeas logo depois de fertilizarem seus ovos. Essa agressividade que os rotula de briguentos nada mais é do que pura vocação paterna. Mas serve também para entreter seres-humanos de duvidosa evolução, que os colocam em duplas em aquários para que briguem mesmo até se matarem.

Ele também é um peixinho carnívoro e larvófago, mas em aquários são alimentados com rações específicas com muita proteína. A alimentação certamente foi o ítem com maior discrepância na minha pesquisa na internet. As indicações variaram entre três vezes ao dia ou até a cada três dias.

Quanto a limpeza do aquário as indicações também variaram muito. Mas fica óbvio que água sem oxigênio não representa água suja. Importante também saber que este peixinho gosta do ambiente constante, ou seja, água sempre na mesma temperatura e PH. Portanto é importante que a água esteja limpa, mas trocar a água com muita frequência certamente prejudicará o peixe. Para esse quesito o bom-senso deve prevalecer mais do que uma rotina pré-estabelecidade, no meu ponto de vista.

Essa limpeza deve ser feita sempre deixando um pouco da água que já está no aquário misturada com a limpa, isso facilita a manutenção da temperatura e PH. Recomenda-se também que a água que irá substituir a suja no aquário seja do chuveiro ou fique por 24 horas "descansando", isso serve para eliminar o cloro.

Alguns outros cuidados foram sugeridos, a maioria dispensável demais ao meu ver, marketing para pet shop, invenções mercadológicas e afins.

No meu caso optei por uma aquário maior do que aqueles mínimos vendidos nos pet shops. Como este peixinho necessita subir a superfície toda vez que coloca o labirinto para funcionar, acatei a recomendação da querida @tatilula, bióloga e defensora dos animais, e colquei pedras de cachoeira estrategicamente posicionadas para que ele tenha diferentes níveis de apoio e esconderijos casuais.
Enfim, quis dividir estas informações com vocês, mas gostaria de focar alguns pontos:

Continuo não concordando com o comércio de animais, no que depender de mim, eles vão a falência.

Pensamos em animais, e principalmente em peixes, como decoração, enfeite, objeto...mas são seres-vivos, merecedores de condições mínimas de sobrevivência.

O comércio de animais rotula espécies e raças indicando-as para cada tipo de humano e estilo de vida, como se fossem shampoos para cabelos. Quanta verdade há nisso?

Quantos são os animais vitimados pelo comércio legal ou ilegal?

Quanto realmente precisamos disso?

A vida não deveria ser banal, nem quando se trata de um animal.

Ouvi bizarrices sobre estes pobres peixinhos porque a maioria das pessoas que os compra não sabe nada a respeito deles. Cuida deles com a receita dada pelo vendedor do pet shop, sem entender o que ele precisa, nem sua forma de viver.

E o peixinho continua lá...circulando em seu aquário mínimo...no centro da sala de jantar.

...mas as pessoas na sala de jantar... são ocupadas em nascer...e morrer...

apenas nisso!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Entre tropas, elites, bois e a eleição.

Texto de Daniel Fonseca de Andrade, disponível no blog Reflexões Ambientais. A eleição acabou, mas o tesxto é certamente atemporal!

"Quando dois elefantes brigam, quem paga é a grama".
Me aproprio dessa idéia de Zygmunt Bauman para escrever o texto abaixo.

De que desviam os dois candidatos à presidência quando jogam no lixo todo o tempo existente para esclarecer o povo sobre seus projetos (se é que existem) políticos e insistem em uma lastimável demonstração de pobreza de recursos de todo tipo (educacional, respeito, dignidade etc)? É isso aí que vai governar o país amanhã? É com o tipo de "visão estratégica" do palavrão, do dinheiro da cueca, da compra de votos para reeleição, do mensalão, que o Brasil vai se "desenvolver"? Essas são as duas grandes "visionárias lideranças" que nos levarão rumo à utopia?

O teatro está aí para quem quer assistir (e aqueles que não o fizerem, não perdem nada). Enquanto isso, seguidores bovinos com enormes tapa-olhos botam lenha na fogueira. O que ganham com isso? 15 minutos de fama? Um carguinho de terceiro escalão? Uma bolsa alguma coisa? Uma concessão?

Debaixo disso tudo, meus amigos, nós.

Esta pseudo-confusão só tenta desesperadamente esconder as duas mediocridades (e não falo aqui apenas dos candidatos, mas de seus partidos também) entre as quais temos que escolher.Não duvidaria se essa confusão fosse, de fato, combinada entre eles. Fico imaginando a conversa bem humorada entre eles em um churras: "ha, ha, ha, você viu a ovada? Aposto que vai ficar horas na mídia".

No final, vão ficar se justificando que não tiveram tempo para nada, que "infelizmente" não conseguiram discutir suas honrosas e dignas propostas por conta da selvageria "do outro". E dá-lhe aplausos bovinos, sorrisos, camisetas, bonés, bonequinhos e cores para o céu.

O filme "Tropa de elite 2" mostra muito didaticamente como que as pequenas corrupções diárias, de todos, se articulam com os interesses daqueles que buscam posições poderosas para satisfazerem seus interesses.

São impressionantes as tentativas de se promover a própria santidade sem nem conseguir esconder o sangue nas mãos. "Não sei de nada. Não sei de quem é o sangue aqui nas minhas mãos e escorrendo pelos meus dentes. Não sei, não vi, mas se souber, vou tomar as devidas medidas".

Lastimável, simplesmente lastimável.

Múúúúúúúúúúú!!!!!
 

domingo, 7 de novembro de 2010

Sustentabilidade de araque

Kátia Abreu, a miss desmatameto do poder público, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, no dia 9 deste mês, fará uma palestra sobre o novo código florestal, que para os ruralistas já é causa ganha e servirá para encher seus bolsos com mais dinheiro criminoso.

E neste evento, onde a sustentabilidade vai ser mencionada por pessoas que não entendem absolutamente nada do tema, será apresentada a nova forma de "recuperar" áreas degradadas e bota degradada nisso no estado do Tocantins.

Seria uma ótima notícia, para um estado que possui reflorestamento em apenas 50 mil hectares...mas essa manutenção não será feita correta e sustentavelmente. Não serão plantadas árvores nativas da região, nem haverá qualquer cuidado com a biodiversidade.



O que vêm por ai é um punhado de desertos verdes, fabricados com o plantio de eucaliptos árvore que nem do Brasil é  que servirá para as empresas de celulose ou que utilizam carvão vegetal acumularem mais lucros.

O objetivo é transformar o estado na nova fronteira florestal do Brasil ???.

O ponto positivo é que estes gafanhotos do meio ambiente realmente vão parar de desmatar FLORESTA NATIVA para produzir carvão, o que evidencia crimes ambientais cometidos e não punidos, mas não serve para tornar esta corja sustentável.

E para saber mais sobre esses "desertos verdes" disfarçados de ações ambientais leia o artigo O mito do reflorestamento de eucalipto do blog da Carol Daemon.

Porque sustentabilidade não é unir área degradada, meia dúzia de homens do setor público e privado, plantar eucaliptos para extrair e lucrar, gerar meia dúzia de empregos e ainda assim achar que está fazendo algum bem para o planeta.

Notícia nos sites:
Portal Stylo
Conexão Tocantins

sábado, 6 de novembro de 2010

Atitude e grafite

Esta semana estava assistindo ao Notícias MTV, apresentado pelo Cazé, que na ocasião entrevistava o artista Mundano, que no twitter você encontra como @mundano_sp. Ele faz um trabalho incrível na cidade cinza...que não autoriza grafites de artistas, mas evidentemente permite que os muros sejam "pixados" com os nomes e números dos candidatos de nossa medíocre política brasileira.

Os grafites do Mundano deixam mensagens claras de protesto contra política e incitam nossas mentes a querer revolucionar também. Ele age e espera que nós também façamos isso!

Há muitas fotos sensacionais disponíveis na galeria de fotos do Flickr, basta acessar para descobrir.

E de todo o seu trabalho, o que mais me chamou a atenção, é o que ele está fazendo com os carrinhos dos catadores de recicláveis de São Paulo, assunto que me interessa e já abordado aqui. Ele escreve frases sensacionais nos carrinhos destes homens, que trabalham incansáveis, enquanto os cidadãos civilizados abarrotam as ruas de lixo.

Frases como " Meu trabalho é honesto e o seu? ", " Meu carro não polui e o seu? ", e uma genial, que segundo o artista é a preferida dos trabalhadores das ruas " Se político corrupto fosse reciclável, eu já estaria rico! ". Concordo!



O trabalho é sem dúvida inspirador. Vale a visita na página do Notícias MTV, onde estao disponíveis os vídeos da entrevista.

Além do grafite, o Mundano também participa do projeto Teto e Tinta "Pintando e construindo sonhos".

A ONG Um Teto para Meu País, formada por jovens voluntários que constroem casas para famílias em condições de extrema pobreza, se uniu ao talento de mais de 50 artistas que customizaram cofres em formato de casa para o projeto "Teto e Tinta - Pintando e Construindo Sonhos". A inauguração ocorre no Espaço Cultural Kabul (rua Pedro Taques, 124, na Consolação, em São Paulo), na segunda-feira (8/11), às 20h. A entrada é gratuita e haverá um show em tributo a Bob Marley. A exposição terá continuidade até o dia 22 de novembro.

As obras que formam a exposição itinerante, que irá rodar diversos espaços culturais para gerar reflexões sobre a situação da moradia no Brasil, foram doadas por diversos artistas. Cem por cento do valor arrecadado com as vendas das obras será convertido em materiais para as futuras construções da ONG. É uma ótima oportunidade para adquirir obras diferenciadas, de renomados artistas, e ainda ajudar a construir o sonho de tantas famílias brasileiras.

Artistas que doaram suas obras para o projeto: Alexandre Puga, Apolo Torres, Armamento Visual, Auny, Bagre, Binho, Biofa, Calle, Caps, Carlos Adão, Cena7, Chã, Choras, Crânio, Cipó, Dedo, Desp, Diego Tiradentes, Does, Donanena, Enivo, Evandro Not, Evol, Ferréz, Falge, Flávio Samelo, Flor, Fulone, Goms, Goy, Gueto, Gui, Iskorre, Jerry Batista, Julio Dojscar, Julee, Leon, Locones, Magrela, Mao, Mauro, Mundano, Não, Nomiez, Obranco, Osbichovivo-naldo, Ozi, Pan, Pifo, Pixote, Pixotosco, Pontelho, Quitanda Urbana, Ras, Rodrigo Ogi, Ronah, Saide, Sinhá, Skoito, Sliks, Sola, Tché, Ticone, Tikka, Tim, Tinho, Trolhas-ivan, Tumulos-tatei, Urban Trash Art, Whip E Zito.






segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Adoniran recicla...

Adoniran Barbosa certamenete dispensa explicações. Tenho motivos de sobra para o admirar: letrista que tornou meu bairro de origem, o Jaçanã, nacionalmente conhecido, boêmio, corinthiano, que cantou São Paulo como poucos fizeram, ator, humorista...e para abrilhantar ainda mais esta lista, Adoniran Barbosa, numa época em que reciclagem e sustentabilidade nem na moda estavam, já fazia sua parte.

O artista está na mídia novamente e vários programas fizeram lindas homenagens a sua história e obra e um detalhe específico fez com que Adoniran Barbosa viesse parar neste post.

Além de fazer música, ele recolhia sucata da rua para se dedicar a um hobby, onde utilizava todo este "lixo" fabricando lindos brinquedinhos, entre outros objetos.

Talvez Adoniran nem soubesse da importância do que já fazia naquela época. O que hoje denominam de upcycle é uma herança clara dos mais velhos, numa época em que consumir não era algo tão banal e fútil como é hoje e portanto tudo ainda tinha valor e as pessoas não costumavam desperdiçar tanto, como fazemos nós, em pleno século XXI.

Todas as práticas de sustentabilidade certamente remetem ao estilo de vida das pessoas de outros tempos. Onde facilidades não existiam e por isso a vida tinha mais valor. Meu avô mesmo conta, que seu pai reaproveitava tudo em sua casa, de latas de leite a caixotes de feira...

Tudo tão diferente. Hoje abrimos embalagens, descartamos no lixo e tantas vezes grande parte deste alimento vira lixo. Não mata a fome de ninguém. Porque hoje tudo é fácil e não damos valor a nada!

Obrigada Adoniram pelo patrimônio que nos deixou, que inclui o bom-senso de reaproveitar mais e desperdiçar menos.
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