"Vivo da floresta, protejo ela de todo o jeito, por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora, porque vou para cima, eu denuncio. Quando vejo uma árvore em cima do caminhão indo para uma serraria me dá uma dor. É como o cortejo fúnebre levando o ente mais querido que você tem, porque isso é vida para mim que vivo na floresta e para vocês também que vivem nos centros urbanos."

Zé Claudio, assassinado em maio de 2011.



terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Agroecologia

Em tempos de corrida para o desmatamento, bancada ruralista sedenta e alterações no código florestal, a agroecologia surge como a grande (r)evolução para plantar sim, produzir muito e garantir renda sem patrocinar a devastação de nossos biomas.

As monoculturas, além de equivocadas são um retrocesso, que os grandes ruralistas teimam em defender.

Neste sistema, onde uma enorme área é utilizada para o plantio de uma única espécie vegetal as desvantagens são ambientais (exaure  solo e reduz  ou dizima  a biodiversidade), sociais (reduz a mão-de-obra, portanto dispensa trabalhadores, muitas vezes explorados e até escravizados neste sistema) e econômicas (já que a simples desvalorização do produto ou uma praga específica podem destruir o produtor rural).


A luz no fim do túnel

Baseada num sistema que seja socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente sustentável, a agroecologia, como o próprio nome sugere, concilia plantio e preservação, seguindo alguns critérios básicos:

Sistemas Agroflorestais (SAF´s): são sistemas de plantio que visam a diversidade biológica, combinando espécies agrícolas, florestais e animais em sucessão temporal e espacial, baseados nos critérios do clima e do solo.

Espécies pioneiras são usadas para cobrir rapidamente uma área e possibilitam o sombreamento necessário para o desenvolvimento das espécies secundárias. Podas e capinas seletivas servem para acumular biomassa  sobre o solo e aceleram a sucessão.

A agroecolgia permite a recuperação de áreas degradadas, com o novo plantio. Neste sistema é possível garantir lucro o ano inteiro, respeitando a época de colheita de cada produto. Esse lucro pode ser estendido quando o produtor também revende sementes e mudas ou comercializa produtos com os alimentos que planta, como no caso do juçaí, onde quem planta a palmeira juçara é quem comercializa a polpa deste fruto.

 Principais Vantagens

*Controle biológico de pragas e doenças, que garante a qualidade do alimento, livre de fertilizantes ou agrotóxicos
*Melhoria das condições químicas, físicas e biológicas do solo
*Redução de processos erosivos
*Equilíbrio do ciclo hidrológico
*Melhor aproveitamento da radiação solar
*Resistência aos efeitos adversos do clima
*Diversidade que garante produtos e serviços a curto, médio e longo prazo

A agroecologia representa principalmente a autonomia para o pequeno agricultor, que não mais precisa se basear nestes modelos adotados por grandes ruralistas, que copiando as monoculturas européias não garantem nem a qualidade dos produtos, muito menos a biodiversidade e a sustentabilidade do planeta.

E para não ficar só na teoria, estes vídeos mostram alguns exemplos de sistemas agroflorestais e casos de sucesso de pequenos produtores que passaram a ganhar muito mais dinheiro baseados nos conceitos da permacultura.

 




Estes são apenas dois vídeos, em uma reportagem de um grande canal de televisão, mas vários produtores, associações, cooperativas e núcleos estão desenvolvendo trabalhos semelhantes por todo o Brasil.

A agroecologia não é um conceito é uma prática. Os produtores que vivem dela não estão preocupados com a reserva legal ou alterações do código florestal. Eles simplesmente trabalham, produzem, disponibilizam um alimento de qualidade, mantém suas famílias, conservam o ecossistema e garantem que você e sua família tenham o que comer hoje e no futuro.



Para saber mais:
Projeto Mandalla
Portal Agroecologia
Embrapa
Rede Ecovida
IPESA

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