"Vivo da floresta, protejo ela de todo o jeito, por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora, porque vou para cima, eu denuncio. Quando vejo uma árvore em cima do caminhão indo para uma serraria me dá uma dor. É como o cortejo fúnebre levando o ente mais querido que você tem, porque isso é vida para mim que vivo na floresta e para vocês também que vivem nos centros urbanos."

Zé Claudio, assassinado em maio de 2011.



domingo, 15 de julho de 2012

Árvores da minha infância - e da Mata Atlântica também -

São apenas quatro espécies, das quais três são bastante populares e ainda encontradas por São Paulo. A outra é a minha favorita, entre as quatros.

Jabuticabeira



Já falei dela aqui... Esta da foto, lembra muito bem a espécie da minha infância. Ficava assim num quintal, de uma casa no meio de São Paulo. Minhas lembranças incluem um avô sempre sereno, colhendo as frutinhas para minha irmã e para mim e umas dezenas de pássaros cantando em volta.

Pitangueira



A mais comum. Até hoje encontro pelas ruas do bairro onde morei em São Paulo. Havia um pé na escola onde estudei. E pude experimentar as frutas, pela primeira vez, colhidas no pé, antes de encontrá-las na feira.


Jerivá



Ou coquinhos, como chamei por toda a infância. Esses caíam aos montes, cobriam o chão, acertavam a cabeça e os exemplares eram muito altos...(ou talvez grandes demais para mim, que ainda era uma criança). Ao lado da minha casa há um pé altíssimo, onde vez ou outra aparece um gavião carijó para fazer ninho e afugentar qualquer roedor que aparecer pela redondeza...


E a mais querida:

Uvalha - uvaia -



Tive a sorte e o privilégio de estudar por 12 anos numa escola repleta de árvores, no pé da Serra da Cantareira, onde havia um pé de pitanga e outros tantos de jerivá, mas a minha preferida era a de uvaia.

O fruto é amarelo, aveludado e o gosto bem azedinho. Eu amava. Nas minhas recordações ela era muito maior e mais frondosa, do que nas descrições da espécie que tenho lido.

Lembro de ter levado algumas frutinhas para casa e, na hora, minha você reconhecê-las como uvalha - que eu entendi como ovalha, propaguei como ovalha e ouvi  de todo mundo que essa  fruta não existia. Hoje sei que minha avó estava certíssima, eu entendi errado e a maior parte das pessoas que ouvir o nome correto, ainda assim não vai saber do que se trata.

Vou redobrar minha atenção às árvores e espero muito encontrar essa espécie por aqui. Hoje ela vem sendo muito usada na recuperação de áreas degradadas e eu espero colher muitos frutos entre setembro e janeiro para cultivar várias mudinhas.

Colher essas frutinhas que possuem muito mais vitamina C do que as laranjas - que nem do Brasil são e normalmente são cultivadas em monocultura com muito agrotóxico - é um sonho que eu pretendo realizar.

Quando vou a feira não entendo como pode ser abundante a oferta de kiwi e morango, por exemplo, mas a gente não encontrar pitanga ou jabuticaba - em qualquer época do ano -.

A gente ainda não descobriu o verdadeiro sabor de cada estado, de cada região, de cada lugar...

Todas essas árvores são endêmicas da mata atlântica, o bioma que me cerca e que aprendi a respeitar e amar.



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